O monitoramento de pragas é a prática que consiste em determinar a situação das pragas na cultura, avaliar os danos e prejuízos que podem estar ocorrendo e definir o momento correto da aplicação do defensivo. A prática faz parte das Boas Práticas Agronômicas para manejo das culturas Bt. Ela é fundamental na tomada de decisão sobre o momento ideal e o tipo de controle de pragas a ser realizado na lavoura.
Assim, o monitoramento é a base de todo e qualquer programa de manejo integrado de pragas. A prática deve ser rotineira, realizada durante todo o ciclo da cultura.
Monitoramento de pragas: quando e como realizar
O monitoramento de pragas deve começar antes do plantio. Os seguintes fatores podem afetar negativamente a lavoura desde o início do seu estabelecimento:
- Presença de lagartas remanescentes na palhada em sistemas de plantio direto;
- Existência de pragas não controladas pela tecnologia Bt;
- Outros fatores.
Após a implementação da lavoura, o monitoramento continua a ser importante para auxiliar na tomada de decisão em relação ao controle de pragas.
Primeiramente é feita a amostragem. Na sequência, é realizada a identificação das pragas e, por fim, a tomada de decisão de controle.
Amostragem
A amostragem é realizada para verificar o nível das populações de pragas e dos inimigos naturais nas lavouras. Ela deve representar a realidade, mas, ao mesmo tempo pode ser realizada:
- rapidamente, gastando no máximo uma hora/talhão;
- de simples obtenção, deve ser executada facilmente;
- com custo baixo, não representando aumento significativo no custo de produção.
Para geração de planos de amostragem são necessários estudos intensos em campos de cultivo para se obter a forma mais adequada do processo. Cada grupo de pragas possui um padrão de amostragem específico e diferentes níveis de dano econômico.
Para os insetos lepidópteros em geral, recomenda-se a adoção de um padrão de amostragem em zigue-zague, ou de perímetro, sendo que devem ser amostradas 20 plantas na sequência, distantes no mínimo 30 metros da entrada da lavoura (bordadura). Esta amostragem deve ser realizada em pelo menos cinco pontos diferentes da lavoura, totalizando um total de 100 plantas.
Durante a amostragem, são utilizadas armadilhas. Existem vários tipos de armadilhas, que podem variar em cores, formas e materiais. A escolha da armadilha ocorre em função da praga alvo a ser capturada (comportamento, tamanho, forma e locomoção do inseto). Dentre os principais tipos de armadilhas, podemos citar:
- As armadilhas com feromônio: são importantes instrumentos de monitoramento e controle de pragas. Os feromônios são agentes biológicos produzidos pelos insetos, específicos para cada espécie, e têm o objetivo de promover a comunicação entre eles. É importante que ressaltar que os feromônios têm ação apenas entre insetos da mesma espécie;
- Armadilhas luminosas: são dispositivos de luz para atração e captura de insetos nas formas aladas, que possuem atividade noturna e são atraídos pela luz entre as 19h e 5h. Dessa forma, ocorre a interrupção do ciclo de vida do inseto devido ao seu aprisionamento. Cada fêmea atraída e morta antes da postura, representa eliminação de centenas de ovos que eclodiriam gerando pequenas larvas;
- Armadilhas adesivas: são cartões adesivos compostos por resina e cera, que prende o inseto quando ocorre o contato entre ambos. São normalmente disponíveis nas cores azul e amarela e apresentam lados quadriculados para facilitar a contagem dos insetos.
Identificação dos principais grupos de pragas
A identificação das pragas é feita por profissionais treinados por meio observação visual. O uso de lupas entomológicas auxilia a visualização de organismos muito pequenos, como é o caso dos ácaros, tripes e outros. As armadilhas adesivas amarelas e as armadilhas com feromônios sintéticos são úteis como ferramentas complementares à visualização das pragas na cultura.
No caso da lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), tanto em lavouras com variedades Bt como em lavouras de variedades convencionais, recomenda-se o controle com inseticidas quando 17% das plantas atingirem nível 3 na escala Davis. Ou seja, lesões circulares ou indefinidas no cartucho, de 1,3 cm de comprimento nas folhas novas ou já expandidas.
Em regiões onde historicamente há maior pressão do inseto Spodoptera frugiperda e sob condições ambientais que favorecem a ocorrência de um rápido e melhor desenvolvimento do inseto, recomenda-se antecipar o controle com inseticida utilizando-se como parâmetro o nível de 10% de plantas atacadas.