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Tecnologia de aplicação promove a utilização responsável dos defensivos agrícolas

by Gustavo Magalhães

A tecnologia de aplicação consiste na adoção de todos os conhecimentos técnicos disponíveis para proporcionar a correta colocação de um produto biologicamente ativo (defensivos agrícolas, por exemplo) no alvo (planta, praga, solo etc.).

A aplicação inadequada de defensivos é sinônimo de prejuízo para o agricultor pois, além de não controlar a praga-alvo, gera desperdício e aumenta consideravelmente os riscos de contaminação das pessoas e do ambiente.

Imagem de pulverizador


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Fatores que interferem na tecnologia de aplicação

As seguintes variáveis devem ser consideradas quando falamos de tecnologia de aplicação:

Praga

Primeiramente, é necessário conhecer a praga que se deseja controlar. Podem ser ácaros, insetos, fungos, nematóides ou plantas daninhas. É necessário saber seu comportamento, estágio de desenvolvimento e espécie.

Local de ocorrência da praga

O local de aplicação nunca é a cultura, mas sim o local de ocorrência da praga na cultura. Algumas pragas ficam mais expostas, outras ficam no interior da cultura, em áreas mais difíceis de serem atingidas.

Produto a ser aplicado

A escolha do produto é realizada em função do conhecimento da praga que se pretende controlar. Pode ser um defensivo químico ou biológico e com diversos modos de ação sobre o organismo-alvo. É necessário conhecer de que forma o produto se distribui na planta para que ele atinja o alvo desejado.

Alvo

Corresponde à superfície de depósito de um produto a ser aplicado. Este pode ser o alvo biológico, ou seja, a praga que se pretende controlar (fungo, inseto, plantas daninhas etc.), ou folhas, caule, frutos, solo, etc. O alvo de aplicação é determinado após a identificação da praga e seu local de ocorrência.

Momento da aplicação

Esse momento deve ser analisado tanto em relação à praga quanto ao produto. Quando em relação à praga, deve ser observada a sua ocorrência, quando atinge o nível de controle de acordo com o manejo integrado de pragas. Quando em relação ao produto, é necessário observar se ele é de ação curativa ou preventiva.

Equipamento

O equipamento tem a capacidade de gerar e depositar gotas no alvo. Por isso, a escolha do tipo de equipamento a ser utilizado, assim como sua regulagem, influencia na tecnologia de aplicação dos defensivos.

Ambiente

O ambiente interfere na aplicação, principalmente porque o veículo utilizado para fazer a pulverização é a água. Por isso o vento, a temperatura, a umidade relativa do ar e a radiação solar devem ser levados em consideração.

 


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Recomendações básicas para a tecnologia de aplicação de defensivos

Após a observação dos fatores que interferem na tecnologia de aplicação, algumas recomendações devem ser levadas em consideração:

  • O defensivo deve ser aplicado nas horas menos quentes do dia, de preferência, temperaturas menores do que 30°C;
  • A umidade relativa do ar deve estar acima de 50%;
  • Se possível, com menor exposição à radiação ultravioleta;
  • A velocidade do vento deve estar entre 3 e 10 km/h;
  • Deve-se ajustar corretamente o equipamento de aplicação, é ele quem vai fazer o produto atingir o alvo.

Para produtos biológicos, no entanto, um cuidado adicional deve ser tomado:

  • Se, na formulação, não houver produtos que protejam o microrganismo ou suas estruturas de reprodução da radiação ultravioleta, é recomendável que a aplicação seja feita das 4h às 5h da tarde. Desse modo, é possível reduzir os efeitos da radiação sobre as estruturas que estão sendo depositadas sobre a planta e sobre o solo.

Mas, mesmo no caso de defensivos químicos, é errado imaginar que eles vão suportar qualquer condição de clima para a aplicação. Por isso, todas as recomendações apontadas devem ser seguidas.

Deriva: um problema quando a tecnologia de aplicação não é bem empregada

Quando empregada de maneira inadequada, a tecnologia de aplicação pode resultar em deriva.

Deriva é a parte da calda aplicada que não atinge o alvo durante ou após uma aplicação. Isso pode ocorrer por evaporação, escorrimento e/ou deslocamento para outras áreas por meio do vento.

A deriva pode implicar em danos econômicos e socioambientais, a exemplo dos mencionados a seguir:

  • Aumento dos custos de produção, pois pode não ocorrer o efeito de controle desejado.
  • Aplicação de defensivos agrícolas em lugares indesejados.

A deriva está associada a alguns fatores:

  • Pressão excessiva na pulverização;
  • Excesso de velocidade do pulverizador;
  • Uso de gotas finas ou muito finas em condições climáticas limites;
  • Aplicações fora das condições climáticas adequadas.

Pontas de pulverização e tecnologia de aplicação

Na tecnologia de aplicação, as principais funções das pontas de pulverização são:

  • Determinar a vazão da calda;
  • Determinar o tamanho das gotas;
  • Definir a forma do jato emitido.

As diferentes pontas de pulverização podem gerar gotas:

  • Muito finas;
  • Finas;
  • Médias;
  • Grossas;
  • Muito grossas;
  • Extremamente grossas.

O tipo de gota a ser utilizado depende do objetivo da aplicação. Quando se pretende melhorar a cobertura dos alvos, deve-se utilizar gotas menores (muito finas, finas ou médias) ou maior volume de caldas.

  • Para aplicar um menor volume e manter a cobertura, deve-se utilizar gotas mais finas.
  • Para aplicação de maior volume e manter a cobertura, deve-se utilizar gotas maiores.
  • E para pragas ou doenças de baixeiro, deve-se utilizar gotas menores e maior volume de calda.

Imagem de máquina pulverizando lavoura

Os tipos de pontas de pulverização são:

Pontas de jato plano

Essas são mais conhecidas como “leque” ou “de impacto”. Produzem gotas finas e médias, devem ser utilizadas em condições climáticas mais amenas. Seu uso é mais indicado para alvos planos, como solo ou mesmo algumas culturas, como a soja etc.

Pontas de jato plano duplo

Também chamadas de duplo leque ou de jato cônico, produzem gotas finas e muito finas. Somente devem ser utilizadas em condições climáticas ideais.

Pontas de injeção de ar

Produzem gotas grossas e muito grossas devem ser preferidas em aplicações próximas aos limites climáticos.

Pontas de pré-orifícios

Produzem gotas médias a grossas, devem ser utilizadas em condições climáticas intermediárias.

Pontas de jato cônico

São tipicamente compostas por dois componentes denominados ponta (ou disco) e núcleo (difusor, caracol ou espiral). Uma grande variedade de taxas de fluxo, de ângulos de deposição e de tamanhos de gotas podem ser obtidos por meio das várias combinações desse tipo de ponta.

Regulagem e calibragem do equipamento na tecnologia de aplicação

Quando se fala em tecnologia de aplicação de defensivos, regular é diferente de calibrar. Regular significa ajustar os componentes do equipamento à cultura e aos produtos a serem utilizados. Os pontos do equipamento a serem regulados são:

  • Velocidade;
  • Tipos de pontas;
  • Espaçamento entre bicos;
  • Altura da barra para a aplicação.

Calibrar é determinar o volume de aplicação e a quantidade de produto a ser colocada no tanque por meio da vazão das pontas.

Outros pontos que devem ser levados em consideração na tecnologia de aplicação

Trabalhador pulverizando com todos os equipamentos EPI. ROSA, Ronaldo, Embrapa 2013

  • Utilizar Equipamento de Proteção Individual (EPI) durante todo o processo de manuseio, incluindo preparo da calda e aplicação;
  • Nunca utilizar o material de preparo da calda em outras atividades;
  • Utilizar somente produtos registrados para a praga e para a cultura;
  • Seguir corretamente as instruções do rótulo do produto;
  • Seguir rigorosamente as dosagens recomendadas pelo técnico responsável;
  • Fechar bem a tampa do pulverizador para evitar vazamentos;
  • Não beber e/ou comer durante a aplicação de defensivos;
  • Se ocorrer alguma contaminação, lavar imediatamente com água e sabão;
  • Manter as embalagens em local seguro e protegido de intempéries, realizando a tríplice lavagem e encaminhando ao local autorizado para recebimento;
  • Não reutilizar embalagens;
  • A quantidade de produto aplicada e o intervalo entre as aplicações também devem ser respeitados para que o defensivo faça o efeito desejado, sem causar prejuízos;
  • Higienizar os EPI’s depois de cada aplicação é fundamental para a garantia do uso seguro e responsável;
  • Cumprir o período de carência é essencial para evitar resíduo do agrotóxico no alimento em níveis acima do limite máximo permitido.
Boas Práticas Agronômicas

As Boas Práticas Agronômicas são um conjunto de técnicas de manejo que ajudam o agricultor a ter mais eficiência e a fazer o uso sustentável da biotecnologia no campo.

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