Agricultura de precisão (AP) é um termo novo quando comparado à atividade agrícola brasileira e, nada mais é do que aplicar alta tecnologia no campo, de forma a ajudar o produtor a aumentar o rendimento de sua lavoura.
Além disso, a AP tem como base a minimização das perdas e a potencialização dos ganhos econômicos e ambientais, auxiliando os agricultores na coleta e interpretação de dados e otimizando todo o manejo da propriedade.
O conceito tem por princípio que a propriedade agrícola não é uniforme, ou seja, cada área da fazenda é diferente, em produtividade, solo (características físicas, químicas, compactação etc), infestação de ervas daninhas, doenças e pragas.
A agricultura de precisão faz parte de um sistema de gerenciamento agrícola que conta com a variabilidade espacial e temporal da unidade produtiva. Essa ferramenta permite uma exploração mais controlada e precisa de insumos agrícolas (adubos e defensivos), aumentando a lucratividade e reduzindo os impactos ambientais.
O início da utilização da agricultura de precisão foi no começo do século XX, mas ela só ganhou escala a partir da década de 1990, com o surgimento do sinal GPS.
Os objetivos da AP são:
- Otimizar o uso de insumos;
- Aumentar a produtividade;
- Melhorar a qualidade do produto;
- Melhorar a qualidade das operações;
- Aumentar a lucratividade;
- Minimizar os impactos ambientais.
A agricultura de precisão não visa, num primeiro momento, o aumento da produtividade da lavoura, mas sim a coleta, organização e gerenciamento de forma mais eficiente das características da propriedade em que a tecnologia é implantada.
Com o sistema aprimorado e funcionando corretamente, o produtor rural consegue obter mais produtividade e redução no custo de produção. A chamada “agricultura 4.0” une tecnologia de maquinários, programas de gerenciamento, drones (para monitoramento e coleta de dados) e biotecnologia nas sementes da variedade que será plantada.
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Na prática, a agricultura de precisão pode proporcionar ao produtor:
- Mapas de infestação de insetos para pulverização;
- Mapas de irrigação;
- Mapas de solo para aplicação de fertilizantes;
- Semeadura a taxa variável;
- Criação de unidades de gestão diferenciadas;
- Automação de máquinas e processos, etc.
Histórico da Agricultura de Precisão
1929 | Primeiros relatos acadêmicos de técnicas que trabalhavam com a variabilidade espacial dos atributos do solo, em Illinois-EUA |
1990 | Introdução da Agricultura de Precisão no Brasil – início da década |
1990 | Produzido o primeiro mapa de produtividade acoplado ao GPS, na Alemanha |
1996 | Acontece o primeiro Simpósio sobre Agricultura de Precisão na ESALQ/USP |
1998 | Primeiros prestadores de serviço no Brasil |
1999 | Aprovação de dois projetos sobre o tema, pela Embrapa. Marcando o início dos seus primeiros trabalhos |
2000 | Em maio de 2000, os Estados Unidos eliminaram um erro proposital no sinal GPS, diminuindo as incertezas no posicionamento de aproximadamente 45 metros para 6,3 metros. Liberando o uso da tecnologia |
2004 | Primeiro Congresso Brasileiro de Agricultura de Precisão |
2005 | Criação da Coordenação de Acompanhamento e Promoção da Tecnologia Agropecuária (CAPTA) e do Departamento de Propriedade Intelectual e Tecnologia da Agropecuária (DEPTA) pelo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA |
2010 | Criação da ISPA – International Society of Precision Agriculture (Sociedade Internacional de Agricultura de Precisão) |
2012 | Criada a Comissão de Agricultura de Precisão no MAPA |
2015 | É criada a Associação Brasileira dos Prestadores de Serviços em AP |
2017 | É criada a Associação Brasileira de Agricultura de Precisão (AsBraAP) |
Ferramentas utilizadas na Agricultura de Precisão
Para obtermos os mapas georreferenciados que dividem a propriedade em subáreas homogêneas (zonas de manejo), é recomendado indicar onde serão realizados os manejos específicos e a aplicação localizada de insumos. Por conta disso, é preciso ter o reconhecimento de padrões das propriedades do solo e das plantas.
Uma das formas de dividir as zonas de manejo é por meio de mapas de produtividade, nos quais se pode visualizar a variação espacial das lavouras em relação aos fatores de produção.
A utilização dos mapas de produtividade está sendo bastante difundida para os produtores de cana-de-açúcar e grãos porque o maquinário já vem equipado com monitores de colheita que possibilitam a tecnologia. Porém, apenas 33% dos produtores já adotaram alguma ferramenta da AP.
Sensores na agricultura de precisão
Para que haja um mapa de produtividade eficiente e altamente correlacionado com a realidade da fazenda, é preciso que um grande número de amostras seja realizado. No entanto, a AP utiliza de ferramentas para avaliar a variabilidade espacial, sem que sejam feitas amostragens desnecessárias e caras.
O uso de sensores para propriedades do solo ou parâmetros biofísicos vegetais tem encontrado cada vez mais aplicações nos sistemas de produção agropecuários. Isto é, a medida indireta de propriedades do solo ou das culturas com base em sistemas ópticos, eletromagnéticos, eletroquímicos, mecânicos, de fluxo de ar e acústicos.
Piloto automático
Para minimizar os erros do operador, atualmente existem tecnologias que permitem guiar o maquinário de forma automática. Eles mantêm a correta operação de tratores e pulverizadores a uma velocidade constante e com a sobreposição adequada dos jatos de pulverização.
Controle de aplicação de insumos
Um dos grandes problemas na produção agrícola é a aplicação inadequada dos defensivos, pois o produtor tem dificuldade de identificar o momento ideal das condições climáticas para ter a garantia de que a planta receberá todo o produto aplicado, sem perdas.
Atualmente, a tecnologia aplica o produto somente no local indicado, de acordo com o índice de vegetação, por meio da leitura NDVI (Normalized Difference Vegetation Índex). A partir da análise das, por luz vermelha e infravermelha, o sistema permite a aplicação dos herbicidas somente nas vegetações invasoras, o que pode gerar uma economia de até 90% com os agroquímicos.
Adubação de precisão
O sistema de adubação de precisão permite taxa de fertilização variável, não havendo aplicação em excesso em locais em que não é necessário. O método leva em consideração os teores de argila de cada amostra, definindo a melhor recomendação das quantidades de fósforo e calcário.
O processo pode fazer até as análises de macro e micronutrientes e de granulometria nas profundidades de 0 a 20 e 20 a 40 centímetros. Isso ocorre a partir de um mapeamento da fertilidade do solo que é feito com um grid amostral entre 1 a 2 hectares.
Além dessas, outras ferramentas também fazem parte dos sistemas da agricultura de precisão, como:
- Semeadoras a taxa variável;
- Drones para coleta de imagens;
- Barras de luz.
O conjunto dessas ferramentas permite ao produtor rural ter a gestão de sua propriedade, com a utilização dos insumos na hora certa, no local adequado e na quantidade correta, promovendo o aumento da eficiência e da sustentabilidade da produção.
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Vantagens e Desvantagens da Agricultura de Precisão
Em todo o texto, pode-se notar as vantagens que o investimento em tecnologia pode trazer para a propriedade. Contudo, podemos sintetizá-las para que fiquem mais claras. São elas:
- Minimização dos riscos da produção agrícola;
- Redução dos custos de operação no campo;
- Facilitação da tomada de decisão;
- Melhoramento da gestão do negócio;
- Aumento da longevidade do solo (pelo uso mais racional de insumos);
- Melhoramento do controle de pragas;
- Aumento significativo da produtividade.
O custo de implantação do sistema, a adequação do maquinário da propriedade e a falta de profissionais qualificados para a interpretação dos dados podem ser considerados como desvantagens.
Porém, o investimento inicial poderá ser retornado em um curto período de tempo, devido ao menor gasto com insumos e ao manejo mais eficiente, que resultam em maior produtividade.
Já sobre a falta de pessoal qualificado, é possível afirmar que isso pode ser sanado por algumas empresas prestadoras de serviço que atuam no setor e pela facilidade do acesso à informação que o produtor rural possui atualmente.
As perspectivas para a agricultura de precisão são positivas. As suas técnicas podem proporcionar aos produtores e técnicos a reflexão sobre suas decisões de manejo, para que tenham mais sucesso e, o melhor, a partir dados coletados na própria propriedade.
O aumento da adesão dos produtores à tecnologia é gradual e a precisão das ferramentas será aumentada conforme forem sendo entendidos os fatores principais que atuam na variabilidade espacial das áreas agrícolas.