A Agricultura Digital está revolucionando o trabalho do produtor rural. Ela utiliza a Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e sistemas operacionais em dispositivos, sensores e equipamentos para automatizar e otimizar a gestão do campo.
Drones, tratores automatizados e aplicativos de monitoramento da lavoura, do clima e de pragas são exemplos de aplicações tecnológicas que interagem com todo processo de produção agrícola. O uso dessas tecnologias pode auxiliar o produtor na tomada de decisão sobre o tipo de manejo mais o adequado para a sua lavoura.
Antes de decidir quais tecnologias serão utilizadas no campo, é fundamental saber como funcionam e como podem agregar valor ao negócio rural. Isso garante a importância desses recursos, extraindo o melhor das possibilidades da agricultura digital.
O que é a Agricultura Digital
A Agricultura Digital, também chamada de Agricultura 4.0 (Agro 4.0), é o uso de soluções tecnológicas ligadas à informática para gerenciar a lavoura com o objetivo de melhorar a produção agrícola.
O termo Agro 4.0 é uma clara referência à indústria 4.0, inovação que teve início na indústria automobilística alemã e agora conquista outros diversos segmentos. Tudo isso devido à completa automatização proporcionada aos processos produtivos dessa inovação.
Benefícios da Agricultura Digital
O principal benefício da agricultura digital é elevar os índices de produtividade e rentabilidade por meio da otimização de processos e de custos. Isso só é possível por meio de:
- Controle detalhado do uso de insumos (adubos e defensivos)
- Redução de custos com mão de obra
- Monitoramento das condições climáticas que interferem nos processos de produção
- Monitoramento de pragas e doenças.
“O produtor rural pode se beneficiar muito com a agricultura digital, pois ela permite que se produza mais com menos.
Muitos produtores rurais tomam decisões baseadas em conhecimento empírico, experiência e recomendações. No entanto, esse conjunto de medidas nem sempre garante o máximo rendimento. Com a agricultura digital essas decisões se tornam mais precisas e seguras. Dessa forma o resultado pode ser melhor controlado antes mesmo da colheita.
Além de dinamizar a produção, o uso de tecnologias da agricultura digital também colabora com a preservação ambiental e com o desenvolvimento sustentável.
Com o aumento da produtividade e otimização de recursos, reduz-se a necessidade de expansão de novas áreas agrícolas. Além disso, a otimização de processos proporciona melhoria da qualidade do trabalho e segurança dos trabalhadores.
O consumidor também se beneficia da adoção das tecnologias no campo. Com a facilidade de acesso à informação, o consumidor conectado consegue obter mais informações sobre a origem dos alimentos que vão parar na sua mesa. As novas tecnologias podem trazer essas informações por meio de redes sociais e aplicativos, por exemplo.
Tecnologias que permitem viabilizar a Agricultura Digital 4.0
A agricultura digital 4.0 emprega métodos computacionais de alto desempenho. Por meio deles é possível processar grandes volumes de dados e construir sistemas de suporte à tomada de decisões de manejo da lavoura.
Dentre as tecnologias que viabilizam a agricultura digital, temos:
- Internet das Coisas (em inglês, Internet of Things – IoT): a internet é a cada dia mais das coisas e não mais apenas das pessoas. Máquinas, animais, plantas e veículos são conectados à internet para que possam ser acionados com base nas informações recebidas e em comandos dados via web;
- Sensores de monitoramento (plugados em máquinas, equipamentos e solo);
- Inteligência Artificial: Machine Learning e Deep Learning – a máquina é capaz de aprender e tomar decisões;
- Veículos autônomos: tratores, robôs e drones que não têm a necessidade de condução humana;
- Big Data com Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC): armazenamento de dados em grande quantidade;
- Computação na nuvem com proteção de dados (Blockchain);
- Conectividade entre dispositivos móveis.
Utilizadas da forma correta, essas tecnologias podem otimizar todo o processo ao longo da cadeia produtiva, reduzindo perdas e aumentando a produtividade.
Quais as tecnologias aplicadas à produção agrícola
Atualmente, de acordo com o estudo “Visão 2030: O Futuro da Agricultura Brasileira”, já existem aplicativos para fazer a gestão das áreas agrícolas, manejo de rebanhos, cotação de insumos, previsão de clima, identificação de doenças, irrigação, adequação ao Código Florestal e comercialização.
São algumas das tecnologias e suas aplicações no campo:
- Sistema de irrigação inteligente: a água é aplicada ao solo de acordo com a necessidade hídrica da planta. Aplicativos e softwares determinam a quantidade de água a ser aplicada por meio de dados coletados por sensores;
- Tecnologia embarcada em tratores, colheitadeiras e pulverizadores: são as tecnologias embarcadas nas máquinas agrícolas, como GPS e controladores para pulverização, que facilitam e otimizam o trabalho do produtor rural. Com tecnologia embarcada, o produtor rural pode fazer o controle eletrônico do plantio à colheita.
- Automação e rede de sensores locais para mapeamento de solos;
- Estações meteorológicas para monitoramento do clima e previsão de ocorrência de pragas e doenças;
- Veículo aéreo não tripulado (VANT) ou drone (do inglês, zangão) que, com câmeras especiais interconectadas, capta informações, indica níveis de produtividade e necessidade de manejos específicos nos talhões.
Como usar a tecnologia no campo
Não é preciso adquirir equipamentos com tecnologia de ponta para adotar a agricultura digital. Celular, tablet e/ou computador com acesso à internet já possibilitam a utilização da agricultura digital por meio de aplicativos e softwares.
Quando o produtor se mantém conectado, ele otimiza seu tempo gasto no gerenciamento da produção. Isso também pode resultar em maiores rendimentos na lavoura e maior sustentabilidade na agricultura.
Inovações tecnológicas são sempre muito bem-vindas, mas é fundamental para o produtor relacionar o custo com o benefício dessas tecnologias.
Antes de mais nada, o produtor deve saber qual o problema tem de resolver. Só assim poderá saber qual tecnologia deve aplicar para isso.
Se o problema for compactação do solo, por exemplo, não adianta comprar um dispositivo ou contratar um serviço que faça captação de imagem aérea. A tecnologia empregada, nesse caso, deve ser a que vai analisar o solo e encontrar soluções para tratá-lo. Dessa forma o produtor consegue extrair o máximo de benefícios da agricultura digital, evitando o uso de forma aleatória.
Agricultura Digital: da pré-produção à pós-produção
A agricultura digital também pode ser aplicada à rastreabilidade da produção. Ou seja, permite que o agricultor registre o passo a passo do cultivo. Dessa forma ele consegue informar os quesitos de sustentabilidade que foram adotados no seu processo de produção.
Os canais digitais, como as redes sociais, por exemplo, podem ajudar o agricultor na tomada de decisões. Afinal, isso influencia na forma com que o alimento chega ao prato da população.
Essas iniciativas também permitem levar à sociedade o conhecimento sobre o papel fundamental do agricultor e, assim, melhorar a compreensão das pessoas sobre a agricultura. Além disso, contribuem com a geração de renda e com a economia nacional.
Agricultura Digital já está acontecendo
A agricultura digital é um mercado em franco crescimento no Brasil e no mundo. Estudo das Nações Unidas mostra que esse mercado deverá movimentar 15 bilhões de dólares em 2021 no mundo todo. Isso representa mais inovação, equipamentos mais acessíveis aos produtores, novos aplicativos e sistemas de gerenciamento.
As grandes empresas do setor estão investindo nesse tipo de solução para agregar valor aos seus produtos e serviços. Elas já perceberam o potencial da agricultura digital! Fabricantes de fertilizantes e sementes incentivam o uso dessas tecnologias pois elas permitem fazer com que seus produtos tragam resultados ainda melhores.
A automatização dos processos por meio das tecnologias da agricultura digital melhora a produtividade e reduz desperdícios, agregando mais valor ao produto final. E essas tecnologias estão cada vez mais acessíveis para todos, desde as grandes fazendas até aos pequenos produtores.
Fonte: EMBRAPA, SEBRAE, Estudo Nações Unidas. Redação BOAS, março de 2019.