O refúgio consiste no cultivo de uma área com plantas não-Bt próxima à cultura Bt. Essa área tem a função de produzir insetos suscetíveis às proteínas inseticidas Bt.
Esses indivíduos suscetíveis irão se acasalar com os potenciais insetos resistentes provenientes do Bt, gerando indivíduos que também serão suscetíveis à tecnologia, assegurando a sua longevidade.
Recomendações e cuidados necessários no refúgio
A área de refúgio deve ser conduzida de acordo com as recomendações do Manejo de Resistência de Insetos (MRI) e/ou Manejo Integrado de Pragas (MIP). Deste modo, o produtor que realizar o monitoramento de pragas em sua propriedade e, quando necessário, utilizar outras táticas de controle para reduzir a população da praga abaixo dos níveis de dano econômico (a exemplo, com o uso de inseticidas), irá proteger a produtividade nas áreas de refúgio.
O percentual da área que deve ser usado como refúgio varia de acordo com a cultura transgênica utilizada e com aspectos agronômicos. Para a soja, cana-de-açúcar e algodão, 20% da área deve ser cultivada com sementes não Bt, já para a cultura do milho, esse índice é de 10%.
As recomendações para cada tecnologia levam em consideração a porcentagem mínima de refúgio necessária para a preservação da tecnologia em todo o território nacional. Algumas regiões específicas, dadas suas particularidades de sistema de produção, podem adotar estratégias ainda mais conservadoras. Também é importante levar em conta o calendário de plantio de cada região.
É fundamental que as áreas de refúgio estejam localizadas à distância máxima de 800 metros da lavoura com a tecnologia Bt e sejam, preferencialmente, semeadas com variedades de ciclo vegetativo similar. Há três principais modelos para a adoção do refúgio agrícola: a bordadura, o bloco e perímetro, que pode ser escolhido de acordo com o elevo da propriedade e a disposição dos talhões da lavoura.
A distância máxima de 800 metros foi estabelecida a partir de estudos realizados por instituições de pesquisa. Para estabelecer esse raio de plantio foi levado em conta as condições climáticas do Brasil, a biologia do inseto e o seu alcance de voo. Ou seja, todas as recomendações são baseadas em ciência.
As plantas devem ser da mesma espécie, além de ter porte e ciclo igual ao da variedade Bt. Além disso, a localização do refúgio deve ser cuidadosamente escolhida, garantindo o maior número possível de acasalamentos entre os insetos das duas áreas. Para isso, o agricultor deverá ter no seu planejamento de safra quais sementes não Bt utilizará nas áreas de refúgio nas porcentagens recomendadas.
Caso não adote o refúgio como ferramenta de MRI, o produtor poderá ser prejudicado pela perda da tecnologia Bt, não obtendo controle das pragas-alvo. Além disso, os impactos da resistência dos insetos às tecnologias Bt podem ser regionais, afetando diversas propriedades. Por isso é importante que todos os agricultores adotem o refúgio.
Adotar o refúgio é um compromisso com o futuro
A evolução da resistência de pragas é o maior desafio para as culturas que expressam proteínas Bt. Dessa maneira, o uso sustentável destas tecnologias no campo, depende da implementação de um programa efetivo de Manejo da Resistência de Insetos (MRI).
O plantio de refúgio é a principal ferramenta dos programas de MRI e tem sido eficaz em retardar o aparecimento de resistência em pragas nos países com maior histórico de uso destas tecnologias.
Na hora do manejo do refúgio, atenção deve ser dada ao número de aplicações de inseticidas recomendado para a área. Nas lavouras de milho fazer no máximo 2 aplicações, até o estádio V6. Enquanto nos cultivos de soja e algodão deve-se utilizar os Níveis de Dano Econômicos (NDE) recomendados.
Na ausência de refúgio, é esperado que, após algumas gerações da praga, haja o aumento na frequência de indivíduos resistentes e a consequente perda da tecnologia.
Diga SIM para o refúgio. Um compromisso com a lavoura e com o futuro.