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Principais pragas controladas pela tecnologia Bt em soja, milho e algodão

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A biotecnologia Bt está difundida pelas lavouras de todo o país, como importante ferramenta no manejo do controle das principais pragas da soja, milho e algodão. Além disso, também atua no controle de algumas espécies que são capazes de causar danos às três culturas, como é o caso da lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus), da lagarta-rosca (Agrotis ipsilon) e de integrantes dos gêneros Helicoverpa e Spodoptera.

Confira, abaixo, um raio-X das três principais pragas-alvo da biotecnologia Bt no milho, soja e algodão.

Milho

Vaquinha

Larva e besouro de D. speciosa, conhecido como “vaquinha”. Foto: Paulo Lanzetta e Jovenil da Silva/Embrapa

Larva-alfinete (Diabrotica speciosa) – É a larva de um pequeno besouro conhecido popularmente como “vaquinha”, “patriota” ou “brasileirinho”, por conta de sua coloração verde-amarela. Os animais adultos se alimentam dos cabelos e das folhas do milho, enquanto as larvas comem as raízes. As plantas Bt expressam uma proteína tóxica às larvas do inseto e protegem a planta durante todo o seu desenvolvimento, desde a fase vegetativa até a maturação fisiológica dos grãos.

O controle dessa praga no milho convencional (não Bt) é feito com o tratamento de sementes, mas tem eficácia limitada. Segundo o engenheiro agrônomo José Magid Waquil, os métodos complementares de controle são difíceis de adotar, em decorrência da complexidade de aplicação de produtos no solo depois que a planta já está desenvolvida.

Lagarta-do-cartucho ou militar (Spodoptera frugiperda)A espécie sofreu uma rápida evolução de resistência à proteína Cry1F, o que tem exigido um maior esforço dos produtores e da indústria, com um intenso monitoramento das lavouras e uso de estratégias de Manejo de Resistência de Insetos (MRI). Essas mariposas põem seus ovos nas folhas, e as lagartas recém-nascidas raspam as folhas e se dispersam para as plantas vizinhas.

À medida que as pragas vão crescendo, deslocam-se para a região do cartucho do milho (base da folha antes da abertura), onde provocam os maiores danos. Também atacam as plantas nos estágios iniciais de desenvolvimento, causando um sintoma conhecido como “coração morto”, que deixa as folhas mais novas murchas ou secas, terminando por causar a morte da planta por inteiro.

Podem atingir, ainda, as espigas na fase reprodutiva, ocasionando perdas diretas na produção e indiretas na qualidade dos grãos, por funcionar como uma porta de entrada para fungos produtores de toxinas.

Lagarta-da-espiga (Helicoverpa zea) – Afeta as espigas do milho, o que torna a tecnologia Bt de extrema importância, pois no cultivo convencional não há um método eficiente de controle das lagartas que têm preferência por essa parte da planta. Uma alternativa de controle biológico é utilizar uma vespa do gênero Trichogramma, mas atualmente não há disponibilidade para tratar toda a área cultivada no País, aponta Waquil.

Essas lagartas põem seus ovos no “cabelo” do milho e, logo após a eclosão, os filhotes penetram na espiga e ficam protegidos de agentes externos até completar a fase de larva, quando então caem no solo e passa pelo estágio de pupa. A tecnologia Bt é eficaz contra outra lagarta do gênero Helicoverpa, a armigera, que virou um grave problema há três anos no Brasil e danifica as flores e os frutos das culturas convencionais de soja, milho e algodão.

 

Soja

Nessa cultura, as variedades Bt são altamente eficazes contra os insetos-alvo da tecnologia. Assim, as plantas ficam protegidas contra as principais espécies de pragas, com exceção de insetos sugadores (como percevejos e a mosca-branca) e outras espécies de menor importância que podem ocorrer ocasionalmente. As três principais pragas contra as quais as cultivares Bt agem na soja são:

Lagarta-falsa-medideira

Lagarta-falsa-medideira atinge várias culturas do País, como soja, algodão, feijão e tomate

Lagartas desfolhadoras – Consomem o limbo ou lâmina foliar (parte principal da folha), reduzindo a produção da planta. Esse grupo inclui a lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis) e a falsa-medideira (Chrysodexis includens), cuja incidência nas variedades geneticamente modificadas resistentes a insetos (Bt) é praticamente nula.

A preocupação de agricultores e empresas com essas espécies, porém, está na evolução de linhagens resistentes às proteínas Bt. Portanto, o uso de estratégias de MRI é um fator decisivo para a manutenção da biotecnologia no campo.

Lagartas das vagens – Atacam as folhas novas, no início do desenvolvimento, e preferem se alimentar de botões florais, flores e vagens da soja, prejudicando diretamente a produtividade das plantas. Nesse grupo, estão espécies dos gêneros Helicoverpa e Heliothis.

São insetos cujo controle é bem mais complexo que o das lagartas-desfolhadoras, por exemplo, já que, ao penetrar nas vagens, esses animais ficam protegidos e escondidos. Nesse caso, a tecnologia Bt torna-se ainda mais importante, pela dificuldade de controle dos métodos convencionais.

 Broca-dos-ponteiros ou das-axilas (Epinotia aporema) – Entra na haste da planta, cavando túneis principalmente nos brotos e ramos novos. O principal sintoma de danos é a presença dos três novos folíolos (divisões das folhas) grudados por teias.

Essa praga é mais importante em regiões com temperaturas amenas no inverno, como o Sul do Brasil. Assim como no caso das lagartas das vagens e desfolhadoras, a soja Bt apresenta um alto grau de eficiência contra a broca-dos-ponteiros e a lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus), que causa danos às plântulas (embriões vegetais) recém-brotadas.


Algodão

Essa cultura é infestada por um complexo de pragas bastante diversificado, o que demanda muito conhecimento, monitoramento e estratégias para mantê-la livre de perdas econômicas. As principais espécies-alvo da tecnologia Bt no algodão são:

SpodopteraFrugiperda

Spodoptera frugiperda danifica tanto plantas jovens quanto folhas ou maçãs do algodoeiro

Lagarta-do-cartucho ou militar (Spodoptera frugiperda) – Ataca o algodoeiro desde sua emergência até a maturação, acometendo tanto plantas jovens (que podem acabar morrendo) quanto as folhas ou maçãs. No caso da cultura Bt, o MRI é prioritário porque essa espécie já evoluiu para resistência à proteína Cry1F. Portanto, as boas práticas agronômicas visando ao manejo de resistência devem ser prioritárias para a sustentabilidade dessa tecnologia no campo.

Lagartas desfolhadoras – Nesse grupo, estão incluídos o curuquerê-do-algodoeiro (Alabama argilacea) e a falsa-medideira (Chrysodexis includens). Aquele predomina no terço superior das plantas e esta, no terço inferior. O algodão Bt apresenta alto nível de resistência contra essas duas espécies, reduzindo seus danos a patamares muito baixos. O desafio do produtor, nesse caso, está em adotar as práticas de MRI recomendadas às culturas Bt.

Lagartas das maçãs – Fazem parte dessa categoria a lagarta-rosada (Pectinophora gossypiella) e integrantes dos gêneros Helicoverpa e Heliothis. Esses insetos se alimentam tanto dos botões florais quanto das maçãs do algodão em desenvolvimento. Quando os danos ocorrem diretamente nas maçãs, reduzem não só a produtividade, mas também a qualidade das fibras obtidas.

Cuidados na hora do manejo

A adoção das boas práticas agronômicas, como o refúgio, o monitoramento de pragas e a aplicação de inseticidas quando necessário, ajuda a evitar ou retardar a “quebra da resistência” em insetos das ordens Lepidóptera e Coleóptera em plantações de milho, soja e algodão Bt.

Seguir as melhores práticas do Manejo de Resistência a Insetos (MRI) e O Manejo Integrado de Pragas (MIP) é importante porque aumenta a longevidade das sementes biotecnológicas resistentes a insetos, melhora o controle de insetos e garante uma agricultura sustentável.

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