Adotar o refúgio estruturado é a segurança para a sustentabilidade da tecnologia Bt. O plantio de refúgio agrícola é a principal ferramenta dos programas de Manejo da Resistência a Insetos (MRI) e tem sido eficaz em retardar o aparecimento de resistência em pragas em lavouras dos países com maior histórico de uso da tecnologia Bt.
Quem deve adotar o refúgio?
Todo produtor que utiliza tecnologias Bt deve adotar áreas de refúgio, pois a manutenção da eficácia das tecnologias em cada região é a consequência do manejo de cada propriedade. É importante lembrar que o refúgio deve ser feito em todas as propriedades. Mesmo que a propriedade vizinha também plante Bt, o refúgio é uma área individual para cada lavoura.
Em grandes áreas onde são adotadas as lavouras Bt existe uma grande pressão de seleção. Sendo assim, sem o refúgio, nas primeiras safras da lavoura Bt a tecnologia irá proporcionar um controle efetivo dos insetos. Porém, a médio prazo, insetos naturalmente resistentes e raros conseguem sobreviver e se tornar maioria na população. Após algumas gerações isso leva à perda da eficácia da tecnologia.
Além disso, o excesso de pulverizações no refúgio elimina a população de insetos suscetíveis. Ambas as práticas impedem a produção de indivíduos suscetíveis na geração seguinte, acelerando o desenvolvimento de resistência.
As preocupações sobre a evolução da resistência de insetos à tecnologia Bt vem crescendo ao longo dos últimos anos, juntamente com as áreas de cultivo. Em vários países, como Austrália, Estados Unidos e inclusive no Brasil há relatos de populações de insetos que já são resistentes às toxinas do Bt.
Por essa razão, é fundamental o engajamento dos produtores de todo o país na correta utilização da biotecnologia. O refúgio consiste no cultivo de uma área com plantas não-Bt próxima à cultura Bt. Essa área tem a função de produzir insetos suscetíveis às proteínas inseticidas Bt.
Como adotar o refúgio?
A implementação de um programa efetivo de MRI é fundamental para superar um dos maiores desafios da agricultura brasileira: a perda de biotecnologias devido à evolução da resistência de insetos.
Ao ofertar uma parcela da área da lavoura onde as plantas não possuem os genes inseticidas, os indivíduos suscetíveis irão cruzar com os potenciais insetos resistentes provenientes do Bt. Desse modo, gerando indivíduos que também serão suscetíveis à tecnologia, assegurando assim a sua longevidade.
Obviamente, além do refúgio, também é importante adotar as demais práticas agronômicas e o manejo integrado de pragas. É preciso realizar o monitoramento das pragas, a dessecação antecipada, o controle de plantas daninhas, usar sementes certificadas e tratadas.
Todos os agricultores que utilizam tecnologia Bt precisam adotar o refúgio, pois as pragas-alvo possuem alta mobilidade e capacidade migratória. Portanto, um plano eficiente de MRI deve ser implementado em âmbito regional. A sustentabilidade da tecnologia depende do manejo adequado de cada propriedade, de forma coletiva.
Diga SIM para o refúgio! Compromisso com com a lavoura e o futuro.