Pesquisas para o desenvolvimento de novas variedades de cana-de-açúcar por meio de técnicas de biotecnologia avançam a passos largos. Esses estudos visam a obtenção de canas geneticamente modificadas com:
- maior quantidade de biomassa,
- tolerância a herbicidas para produção de etanol de primeira e segunda geração e
- resistência a insetos.
Esse avanço é marcado por parcerias entre iniciativas privadas e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O objetivo é consolidar a biotecnologia na cultura da cana no Brasil. Uma das justificativas para esse esforço é o dano causado pelas pragas. No caso da broca-da-cana (Diatraea saccharalis), segundo especialistas, esse prejuízo chega a 5 bilhões por ano. Hoje, essa praga é controlada por meio de controle biológico, técnica que faz parte do Manejo Integrado de Pragas (MIP) e desde 2017, também pela primeira cana transgênica do mundo, uma variedade Bt.
SAIBA MAIS
Controle de pragas da cana-de-açúcar
Novas variedades de cana podem resistir a outras pragas além da broca
O desenvolvimento de novas variedades de cana também pode ser uma alternativa para o controle do bicudo da cana (Sphenophorus levis). Essa praga, em 2015, passou a ser considerada a pior praga dessa cultura. Isso, não só pelos prejuízos causados, mas também por não haver nenhuma forma de controle no Brasil, nem biológico nem químico.
Esse fato chamou a atenção de instituições que, para resolvê-lo, estão unindo esforços para desenvolver plantas geneticamente modificadas com resistência a esse inseto. Os primeiros testes em campo devem começar em dezembro de 2019.
Segundo o pesquisador da Embrapa Agroenergia Hugo Molinari, as ferramentas biotecnológicas são aliadas do setor sucroenergético para incrementar ainda mais a produtividade desse setor. “A engenharia genética tem potencial para trazer soluções mais rápidas às principais ameaças à lavoura de cana: os ataques de pragas como a broca, o bicudo e os nematoides”, declarou o pesquisador em comunicação recente feita pela Embrapa.
Resistência a insetos não é a única vantagem do desenvolvimento de novas variedades de cana
Além de resistência a insetos, novas variedades de cana podem contribuir para melhoria de outras características da cultura, como
- a tolerância a estresses abióticos, entre os quais se destaca a seca;
- mais eficiência no uso de nutrientes, como por exemplo, com variedades tolerantes ao alumínio;
- aumento do conteúdo de sacarose e tolerância a herbicidas, entre outras.
Estudos já estão sendo realizados para o desenvolvimento de variedades geneticamente modificadas com genes capazes de aumentar a quantidade de sacarose em gramíneas (grupo no qual a cana está incluída) e de conferir tolerância a alumínio. Ainda de acordo com o pesquisador, até o momento, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) já aprovou duas variedades de cana geneticamente modificada e outras 10 já estão em fase de avaliação pelo órgão colegiado.
Fonte: Embrapa, Redação BOAS, Julho de 2019.