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Plantas daninhas na lavoura representam prejuízo ao produtor

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Plantas daninhas são todas as plantas que estão na lavoura e não são parte da cultura principal. Elas também podem ser conhecidas como erva daninha, mato, planta invasora, planta infestante, erva má, entre outros nomes.

Essas vegetações competem com a cultura por água, espaço, luz e nutrientes e, por conta disso, quando o seu controle não é eficiente, os prejuízos podem ser expressivos. No caso da produção de grãos, por exemplo, as perdas ficam, em média, entre 13 e 15% das safras e podem chegar à casa dos 90% em lavouras de outros cultivares.

Além disso, elas podem causar alelopatia e danos indiretos, como o aumento do custo de produção, dificuldade na colheita e diminuição da qualidade do produto. Na maioria dos casos, as plantas daninhas são hospedeiras e podem, ainda, ser resistentes a algumas pragas e doenças.

Atualmente, 250 espécies de vegetais são considerados, em todo o mundo, ervas daninhas. Dessas espécies, 40% pertencem a apenas duas famílias: Poaceae (poáceas) e Asteraceae (asteráceas).

O manejo e controle das plantas daninhas é considerado difícil porque elas são plantas pioneiras, com vasta produção de sementes e poder de adaptação a diversos lugares, inclusive com intempéries para o seu desenvolvimento. Além disso, elas possuem um sistema de dormência em suas sementes, podendo ficar no solo sem germinar por um longo período.

 

Plantas pioneiras: são as plantas que germinam primeiro em um habitat que sofreu alteração e/ou foi devastado/desmatado. Ou seja, elas iniciam um novo ciclo de recolonização do habitat.

 

Vale dizer, ainda, que as sementes não são o único modo de reprodução das plantas daninhas, que também podem originar descendentes de forma assexuada, por meio de rizomas, tubérculos, bulbos, segmentos de caule e enraizamento.

Principais plantas daninhas do Brasil

O grau de dano que uma espécie de planta daninha causa varia conforme a cultura principal que ela está infestando, além de sua distribuição, número de espécies contidas na área infestada e tempo em que há a convivência entre as vegetações.

Para um bom manejo e controle serem realizados, é preciso conhecer as ervas más, identificá-las e, então, decidir qual a melhor forma de manejo a ser utilizada.

Para isso, trazemos aqui algumas das principais plantas daninhas do Brasil, suas características e as culturas em que mais causam danos:

 

Planta daninha Nome científico Características Culturas afetadas Resistência a herbicida*
Buva Conyza spp. herbáceas caules folhosos folhas com margens denteadas propagação por sementes Feijão, soja, girassol, cana de açúcar, algodão, arroz e pastagens Sim
Capim amargoso Digitaria insularis Perene Herbácea Formam touceiras Rebrotam facilmente Propagam-se por sementes e rizomas Pastagens, algodão, alho, cana de açúcar, cacau, milho e soja Sim
Azevém Lolium multiflorum Pode ser anual ou bianual Raízes densas e fibrosas usado como pastagem 100-120 cm de altura Planta de inverno Cereais de inverno (trigo, cevada, centeio) e milho Sim
Capim pé de galinha Eleusine indica Herbácea Ereta 30-50 cm de altura Formam touceiras Inflorescência parecida ao pé da galinha Propagação por sementes Presente em quase todas as culturas do Brasil; principalmente em cultivos anuais Sim
Apaga fogo Alternanthera ficoidea Herbácea Perene Propagação por sementes e enraizamento nos nós dos ramos Crescimento vigoroso 0,5-1,2 metros de comprimento soja, cana de açúcar, milho, arroz, arroz irrigado e algodão
Leiteira ou amendoim bravo Euphorbia heterophylla Anual Herbácea Ereta Leitosa 30-80 cm de altura Muito difícil controle Sementes persistentes no solo Ocorre em todo o país em cultivos anuais e perenes. Na cultura da soja causa sérios prejuízos Sim
Caruru Amaranthus viridis Anual Herbácea 30-40 cm de altura Grande importância em lavouras perenes Propaga-se por sementes Principalmente em cafezais, pomares, canaviais. Mas também pode ser encontrada em culturas anuais Sim
Tiririca Cyperus haspan perene herbácea propagação principalmente por tubérculos possui efeito alelopático Encontrada em quase todos os tipos de solos, climas e culturas
Corda de viola Ipomoea acuminata Anual Herbácea Propaga-se por sementes Trepadeira 1-2 m de comprimento Causa muitos danos em cereais cana de açúcar, arroz, milho, pastagens, soja e trigo
Beldroega Portulaca oleracea Anual Herbácea Caule carnoso, com muita água 20-40 cm de comprimento Sementes podem ficar dormentes por até 19 anos café, algodão, batata, cana de açúcar, pastagens, soja, milho e cacau
Carrapicho de carneiro Acanthospermum hispidum Anual Dificil controle Germinação irregular Propagação por sementes Frutos se prendem em roupas e animais Pode produzir milhões de frutos por hectare batata, cana de açúcar, cacau, café, algodão, milho e soja
*apresenta resistência comprovada a pelo menos uma molécula de herbicida utilizada no Brasil

 

Manejo Integrado de Plantas Daninhas (MIPD)

Assim como no Manejo Integrado de Pragas (MIP), o controle químico não é a única alternativa de controle para as plantas daninhas.

O Brasil já registrou 50 casos de resistência de vegetações invasoras a herbicidas. Isso acontece devido ao uso de um mesmo insumo por várias safras seguidas e/ou pela não substituição do mecanismo de ação do produto. Isso ocorre porque o químico controla a maioria das plantas daninhas, mas seleciona as que são resistentes a ele.

Para que seja feito o MIPD corretamente, é preciso identificar as espécies presentes na área, bem como a sua frequência e agressividade. Essa identificação é necessária para que ocorra um controle apropriado.

O MIPD é umas das Boas Práticas Agronômicas, e seu intuito é reduzir as espécies indesejadas durante o período crítico da cultura, quando a infestação pode causar danos irreversíveis. Além disso, o monitoramento adequado também auxilia na colheita mecanizada, diminuindo a proliferação de plantas daninhas para as safras subsequentes.

Métodos de controle do Manejo Integrado de Plantas Daninhas

  1. Controle preventivo: limpeza rigorosa de implementos e maquinário e uso de sementes certificadas. Boas práticas previnem a entrada de sementes de plantas daninhas no campo de cultivo e, por conta disso, impedem sua proliferação.
  2. Controle cultural: consiste na escolha de espécies adaptadas a regiões do plantio; época, densidade e espaçamento adequados; rotação de culturas. O sistema de plantio direto (SPD) é uma prática muito eficiente no controle de plantas daninhas.
  3. Controle físico: pode ser realizado por solarização, fogo e inundação.
  4. Controle mecânico: feito por meio do arranquio manual ou uso de implementos como enxada e cultivadores (enxada fixa ou rotativa).
  5. Controle químico: é feito por meio de herbicidas. É fundamental conhecer o mecanismo de ação do produto na planta, bem como o momento ideal da aplicação durante o seu desenvolvimento. Fazer uso de uma boa tecnologia de aplicação também é garantia de que seu produto chegará ao alvo de forma correta.

Atualmente, as plantas daninhas são o maior problema nos cultivos brasileiros. A competição com a cultura principal e a hospedagem de pragas e doenças acarretam grandes prejuízos ao produtor.

Controlar as plantas daninhas de forma correta, seguindo as boas práticas agronômicas, ajuda na diminuição no custo de produção.

Foto de Francisco Henrique

Por Francisco Henrique

Doutor em Agricultura Tropica e Subtropical pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e pesquisador da CiaCamp – da Ciência ao Campo. É colaborador do programa Boas Práticas Agronômicas.

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