Por Luna D’Alama
O produtor rural José Roberto Mortari administra duas propriedades na região de Londrina (PR), onde adota rotação de culturas como soja, milho, aveia, trigo e nabo forrageiro. Na safra 2016/2017, o agricultor recebeu visitas semanais de 16 estudantes de Agronomia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), inscritos em um curso do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Paraná (SENAR-PR). Na Fazenda Piratininga, de 550 hectares – 100 dos quais de mata preservada –, eles colocaram em prática um projeto de Manejo Integrado de Pragas (MIP).
Entre setembro de 2016 e fevereiro deste ano, as vistorias ocorreram aos sábados, durante o período de desenvolvimento da soja, que é cultivada em 80% do terreno. Os alunos monitoraram cerca de 20 hectares a cada semana, contabilizaram e classificaram as pragas e, então, foi traçado um plano para aplicação de inseticidas. “A molecada ia para o campo junto com um professor do SENAR e usava batida de pano para contar as lagartas. Antes disso, os estudantes fizeram um curso para conhecer melhor a aparência desses insetos e entender que há bichos bons e ruins, pois não queríamos matar os inimigos naturais, que nos ajudam”, destaca Mortari, que também é vice-presidente do Sindicato Rural Patronal de Londrina e planta variedades transgênicas Bt (resistentes a insetos) e tolerantes a herbicidas.
Segundo o agricultor, a parceria não envolveu nenhum gasto extra, pelo contrário: com a adoção do MIP e das boas práticas agronômicas, houve otimização de recursos, redução considerável nas aplicações de defensivos e incremento direto na rentabilidade. “Eles conhecem o assunto e fizeram recomendações ao engenheiro agrônomo da fazenda, que tomou a decisão final. O que foi aplicado na área de MIP se traduziu para todo o terreno. A economia foi muito grande”, avalia.
Mortari conta que uma nova turma de jovens já foi formada há um mês, mas ainda não ficou decidido quando e por onde o grupo vai passar. Na visão do produtor, o projeto possibilitou uma lavoura mais equilibrada e um solo menos compactado, que recebeu pulverizações apenas na fase de incidência de ferrugem-asiática (Phakopsora pachyrhizi) e percevejos. “Foi excelente”, resume o produtor, que é responsável por outra propriedade na região, a Fazenda Nova, de 180 hectares.