Leia a entrevista com Sidney Fujivara, vencedor pelo voto popular do prêmio Personagem da Soja na safra 2016/2017, concurso realizado pela Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja) no âmbito do Projeto Soja Brasil. O produtor do Sudoeste Paulista, engenheiro agrônomo e coach, revela que o segredo para ter bons resultados no campo é a busca constante por novas tecnologias, conhecimento técnico e gestão de pessoas.
BOAS: Como você se tornou produtor?
Fujivara: Meus avós vieram do Japão para o Brasil em 1929 para trabalhar nas lavouras de café da região da Alta Paulista. Em 1949 migraram para Capão Bonito (SP) em busca de um clima mais ameno e propício para o plantio de outras culturas. Nas décadas de 1960 meu pai também entrou para a área e, aproximadamente 30 anos depois, quando me formei no curso de engenharia agrônoma na Universidade Federal de Viçosa – MG, fui direto trabalhar na lavoura. Hoje produzo soja, milho, feijão e trigo.
BOAS: Como é a produção na sua região?
Fujivara: O Sudoeste Paulista é uma das regiões onde mais se usa tecnologia no Brasil. Tanto a biotecnologia quanto a mecanização têm tido grande aceitação por parte dos agricultores locais.
BOAS: Como o uso da tecnologia é tratado dentro da sua propriedade?
Fujivara: Nossa forma de conduzir os negócios é sempre buscando inovação e produtividade sem esquecer da sustentabilidade ambiental, econômica e social. Nesse contexto, a biotecnologia tem contribuído para aumentar a produtividade e ainda trazer benefícios para os aplicadores e também para o meio ambiente. Para milho e soja usamos tudo o que a biotecnologia nos disponibiliza, tanto sementes resistentes a insetos quanto tolerantes a herbicidas.
BOAS: Quais são seus principais desafios na gestão agrícola?
Fujivara: Estou a todo momento buscando novas tecnologias, atento à parte técnica e ao manejo. Atualmente um dos grandes desafios é a gestão de pessoas. Hoje na agricultura, com o nível de tecnologia que nós trabalhamos e também devido às dimensões das propriedades agrícola, dependemos dos nossos colaboradores, pois são eles que implementam todas essas tecnologias. Não adianta termos a melhor semente, o melhor equipamento, se não investirmos em treinamentos que os habilitem a realizar as boas práticas.
BOAS: O senhor acredita que, de modo geral, os produtores estão adotando as boas práticas?
Fujivara: Quanto mais nos especializamos, mais descobrimos que podemos melhorar nas práticas agrícolas. Sou um agricultor comum, mas meu diferencial é estar sempre buscando conhecimento. Acho que hoje ainda falta conscientização por parte de muitos produtores, principalmente na questão do refúgio. Se nós continuarmos sem adotar as boas práticas hoje qual o resultado que vamos alcançar amanhã? É preciso tirar as pessoas da zona de conforto. Acho o programa Boas Práticas Agronômicas uma ferramenta fundamental para o alinhamento entre a indústria e os produtores. É necessário trabalhar de forma conjunta na adoção do refúgio e preservação da tecnologia. A conscientização é a palavra-chave nesse processo.
BOAS: Qual a mensagem que o senhor deixa para os produtores e para a indústria?
Fujivara: As pessoas deveriam pensar mais no futuro e ser mais consciente das mais ações do presente. É necessário fazer o manejo da resistência de uma forma mais efetiva, adotando todas as boas práticas. Falta estratégia por parte dos produtores nesse manejo. Se o agricultor não fizer sua parte, estamos correndo o risco de perder uma tecnologia fantástica. A indústria, por sua vez, deveria passar essa informação de forma mais consistente, insistente e rigorosa.