Identificada no Brasil em 2013, a Helicoverpa armigera é uma lagarta que preocupa muito os agricultores por conta do seu poder destrutivo. É considerada polífaga, ou seja, se alimenta de várias culturas, o que dificulta seu controle – já que, no Brasil, há plantações durante todo o ano – e eleva seu potencial de prejuízo na lavoura. A praga se multiplica rapidamente e ataca principalmente as estruturas reprodutivas da planta. Além da soja e do algodão, a lagarta também utiliza como hospedeiro os cultivos de milho, feijão, sorgo e tomate, além de outras espécies, o que torna seu manejo ainda mais complexo.
É por todas essas características, que a melhor forma de lidar com a ameaça da Helicoverpa é utilizando o Manejo Integrado de Pragas (MIP). Dentro desse sistema, é muito importante conduzir bem o manejo com inseticidas, a fim de evitar aplicações desnecessárias. Além disso, é preciso levar em consideração a seletividade do produto para não eliminar também os predadores naturais da Helicoverpa. Adicionalmente, a rotação de princípios ativos com diferentes mecanismos de ação é recomendada. Essa prática reduz a população de insetos e favorece que os produtos mantenham sua efetividade em longo prazo.
É preciso lembrar, entretanto, que o controle químico é apenas mais uma ferramenta de manejo que deve ser empregada conjuntamente com outras técnicas de controle, a exemplo de agentes biológicos (predadores, parasitoides, bactérias, fungos e vírus), extratos de plantas, feromônios, variedades Bt (resistentes a insetos), manejo cultural, plantas-iscas, liberação de machos estéreis e monitoramento de pragas. O emprego dessas técnicas, de forma planejada e harmônica, é a base para a solidez de um programa de MIP.
Plantas transgênicas resistentes a insetos
A tecnologia de variedades geneticamente modificadas (GM) resistentes a insetos (Bt – sigla para a bactéria do solo Bacillus thuringiensis, cujo gene inseticida é inserido na planta) é uma grande aliada para manejar lagartas e está disponível para controle da Helicoverpa na soja. Esta tecnologia é amplamente empregada no País em virtude de sua eficiência. Além disso, apresenta outras vantagens como: ausência de efeitos adversos a organismos não-alvo, manutenção dos agentes de controle biológico na natureza, bem como a otimização no uso de inseticidas, que resulta em benefício ambiental e social decorrentes da diminuição de risco de contaminação por exposição indevida.
Cada uma das tecnologias Bt é desenvolvida para uma ou um grupo de pragas específicas e apresenta diferentes níveis de controle para as distintas espécies-alvo. Dessa maneira, mesmo com o uso da tecnologia Bt é necessário constante monitoramento da lavoura para verificar se existe ou não necessidade de controle complementar.
Fonte: Embrapa, 20 de dezembro de 2017