Por Luna D’Alama
O engenheiro agrônomo Henrique Fernandez e o produtor rural Almir Ficagna trabalham juntos há cinco anos na Fazenda Paraíso da Serra, localizada na comunidade Bela Vista, em Luís Eduardo Magalhães (BA). Na safra 2016/2017, pela primeira vez, consultor e cliente decidiram participar de um desafio nacional que premia os campeões em produtividade de soja. Resultado: os dois conquistaram o primeiro lugar da região Norte-Nordeste, com 95,7 sacas por hectare.
“A gente não esperava por esse prêmio, foi uma surpresa. Achei que ficaríamos entre os três primeiros, mas não no topo da lista”, revela Henrique, de 34 anos, após receber o troféu do Comitê Estratégico Soja Brasil (CESB), no dia 13 de junho, em Passo Fundo (RS). A média de produtividade de toda a área de 1.250 hectares foi de 76 sacas de soja por hectare – ainda assim, 40% maior que a média nacional, de 54,5 sacas por hectare.
Na Bahia, a média geral de produtividade de soja, de acordo com o engenheiro agrônomo, é de 40 sacas por hectare. Já em Luís Eduardo Magalhães, que fica no oeste do Estado, perto da divisa com Tocantins e Goiás, o patamar sobe para 60 sacas. “Estamos em uma região de beira de serra, onde chove bastante. Isso influencia muito”, ressalta Henrique.
O produtor Almir vem de uma família de agricultores (cada irmão administra uma propriedade) e planta soja há mais de três décadas. Desde 2010, começou a rotação de culturas com milho. A fazenda tem apenas uma safra por ano – a próxima começará entre outubro e novembro –, além de uma safrinha de milheto.
Segundo o consultor, os fatores que mais contribuíram para o reconhecimento neste ano foram o uso de sementes de qualidade (certificadas e tratadas na fazenda), de produtos de ponta em um intervalo curto e da agricultura de precisão. “É preciso trabalhar em cima do manejo do solo, da correção física e da descompactação. As sementes também têm que ser de primeira, com vigor e germinação alta, acima de 90%. E para cada perfil de região, há um estande correto de plantas”, diz Henrique.
Para atingir resultados tão expressivos, o agrônomo costuma ir à fazenda três vezes ou mais por semana, quando faz recomendações destinadas à proteção das plantas. “Também realizamos dessecação antes do plantio e reservamos uma área de sementes não Bt [sem resistência a insetos] para o refúgio”, explica Henrique. Ele lembra que o refúgio não influencia diretamente a produtividade, mas é importante adotá-lo a fim de preservar a tecnologia desenvolvida para controlar as pragas no campo.
Qualidades em comum
O presidente do CESB, Luiz Nery Ribas, avalia que os campeões em produtividade de soja têm qualidades em comum, que devem servir de exemplo para os demais agricultores. “Todos investem em sementes certificadas, adotam as boas práticas, fazem manejo e cobertura do solo, rotação de culturas, plantio direto e arranjo espacial. São fatores constantes entre os vencedores”, diz Ribas.
O Desafio Nacional de Máxima Produtividade busca estimular a produtividade de forma sustentável. Este ano, mais de 5.500 produtores do País se inscreveram. Segundo Ribas, essa é uma importante ferramenta para o desenvolvimento de futuras plataformas tecnológicas que poderão ser utilizadas pelos agricultores. “Solo, clima, ambiente e pessoas fazem parte do processo [para conquista de uma maior produtividade]. Além disso, há a importância da ciência, da pesquisa e de entidades organizadas para que se chegue a resultados tão positivos”, completa o presidente do CESB.
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