Por Luna D’Alama
Se as lavouras fossem um carro, as sementes seriam o motor. É dentro delas que estão armazenadas as plantas que nos alimentam, vestem e abastecem. Por isso, para que as sementes expressem seu potencial máximo, é preciso que elas sejam bem selecionadas e passem por um manejo adequado.
No caso da seleção, a biotecnologia tem contribuído para o desenvolvimento de variedades cada vez mais resistentes e de melhor rendimento. Maior produtividade significa também menor área cultivada e menor necessidade de água para irrigação.
Entre as classes de sementes (genética, básica, registrada, fiscalizada e certificada) disponíveis no mercado, esta última traz benefícios como garantia de origem, segurança, maior qualidade, alta performance, inovação e retorno do investimento. Ela é resultado da multiplicação de sementes básicas, registradas ou certificadas por no máximo três gerações, e normalmente são destinadas ao plantio de grãos, como foco no aumento da produtividade e na resistência a doenças.
A certificação de sementes, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), é o processo que busca a produção delas mediante o controle de qualidade em todas as etapas, incluindo o conhecimento da origem genética e o controle de gerações (processo que permite saber o número de vezes que uma cultivar foi multiplicada). Assim, há segurança de plantar a variedade planejada, sem riscos de infestações e com a obtenção dos benefícios gerados pelo melhoramento genético.
O MAPA estimula o uso de sementes certificadas no Brasil, por meio de ações de fiscalização contra a pirataria na produção e na comercialização. De acordo com a coordenadora do BOAS e diretora-executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), Adriana Brondani, o emprego de sementes piratas pode reduzir a produtividade da lavoura, além de elevar o risco de propagação de pragas e insetos. “A utilização de sementes ilegais também pode encarecer a produção, pois costuma demandar uma aplicação maior de defensivos químicos”, explica.
No âmbito do Manejo de Resistência de Insetos (MRI), a adoção de sementes certificadas com tecnologia Bt (resistente a insetos) é a primeira e mais importante decisão da safra. Essas sementes têm origem controlada, o que permite ao produtor ter segurança sobre a cultivar adquirida e suas qualidades.
Tratamento de sementes
As sementes para produção agrícola devem ser adquiridas de um produtor ou comerciante inscrito no Registro Nacional de Sementes (Renasem). E o tratamento delas consiste na aplicação de ingredientes químicos e/ou organismos biológicos, de forma a eliminar, controlar ou afastar patógenos, insetos e outras pragas. Essa prática ajuda no estabelecimento de plantas nas áreas de refúgio e serve como diferente modo de ação em áreas Bt, ainda na fase inicial de desenvolvimento da lavoura.
Entre os benefícios do tratamento de sementes, destacam-se a proteção obtida na fase inicial de desenvolvimento das pragas, o controle de amplo espectro dessas pragas e a manutenção do estande inicial da lavoura.
Tecnologias aplicadas à semente, como inoculantes, agentes de proteção a herbicidas, micronutrientes, reguladores de crescimento, revestimentos e corantes também podem ser considerados tratamento de sementes – que são destinadas exclusivamente para o plantio, e não para fins de alimentação humana ou animal.
A escolha correta do produto químico é essencial para o sucesso da operação. Recomenda-se utilizar produtos de amplo espectro, que garantam um controle eficiente do complexo de pragas inicial da cultura. Instruções e requisitos para o uso seguro desses compostos estão detalhados na bula. Para o manuseio seguro e transporte das sementes já tratadas e embaladas, há informações nas etiquetas de identificação, a fim de manter a integridade delas até chegar à terra.
“Os bons resultados da lavoura devem começar pelas sementes certificadas, que têm alta qualidade, e pelo acompanhamento delas durante todo o processo de produção, desde a armazenagem até a entrega. Além disso, o tratamento protege esse ser vivo na ‘largada da corrida’, em busca do máximo potencial e da máxima produtividade”, afirma o engenheiro agrônomo e presidente do Comitê Estratégico Soja Brasil (CESB), Luiz Nery Ribas.
Leia mais sobre o assunto no Guia Abrasem de Boas Práticas de Tratamento de Sementes.